segunda-feira, 4 de junho de 2012

CONFERÊNCIA ESTADUAL DOS BANCÁRIOS - A SUBORDINAÇÃO À LÓGICA NACIONAL

A Conferência Regional se caracteriza por ser um espaço de subordinação da realidade local às decisões da Conferência Nacional. Há pouco tempo e espaço para os debates. Todas as questões específicas dos Bancos locais, Banpará e Basa, são remetidas aos Encontros específicos destes bancos. Sequer uma estratégia de luta para a Campanha Salarial é debatida e sinalizada. Resultado: acaba sendo uma grande reunião de bancários apenas para eleger os delegados à Conferência Nacional, onde as cartas são todas marcadas e apenas se confirmam as reivindicações, a estratégia e a tática previamente definidas.


Evidente que nacionalizar a Campanha Salarial é uma grande conquista, mas isso não significa abrir mão de debater a realidade local e construir, com a categoria bancária no Pará, uma estratégia de organização da luta. Essa ausência revela uma incapacidade da atual direção sindical em pautar e dirigir a luta da categoria aqui no estado.


Enquanto isso, a realidade, como um rolo compressor, atropela a categoria. Metas abusivas, assédio moral, adoecimentos, sobrejornada como rotina, burla dos direitos trabalhistas, horas extras que, muitas vezes, nem são devidamente remuneradas, insegurança bancária, assaltos, sequestros, estresse, medos, traumas, esse é o mais puro e fiel retrato de uma categoria que, além de tudo, está majoritariamente endividada, para tentar manter um padrão de vida após vinte anos de perdas brutais no salário.


Por isso, por tanta pressão, tantas perdas, tantas mazelas, por isso a categoria, quando chamada por suas entidades, responde e fortalece a luta. Mas, lamentavelmente, encontra uma direção que ainda negocia por baixo. 


Com a força da categoria, a direção do movimento sindical bancário deveria ousar mais! Tem poder para isso.


ÍNDICE NOVAMENTE REBAIXADO
Ano passado a Conferência dos Bancários do Pará aprovou um índice de reajuste de 25%. Quando chegou à Conferência Nacional, os próprios delegados eleitos negociaram o índice e já foi levado à plenária o índice de 20%. 


A maioria da plenária votou um índice bem abaixo disso, de 12,8%, segundo a direção nacional da Contraf/Cut, de reposição da inflação, à época projetada em 7,5%, mais um ganho real de 5%, rapidamente consumido pela alta da inflação do período seguinte. Ou seja, esse ganho real, na real, não é sentido no bolso. 


Mas mesmo que se quisesse ficar em 12,8% de reajuste, não se poderia começar a negociar nos 12,8% porque todo mundo sabe que numa negociação sempre se perde. Ou seja, quem quer 12,8% precisa começar a negociar a partir de 20%, no mínimo. O resultado, mesmo com a força da greve, é que o reajuste salarial da categoria foi de apenas 9% na mesa da Fenaban. Na mesa do Banpará, foi de 10%.


Este ano a Oposição Sindicato Livre defendeu o reajuste de 25%, considerando inflação do período mais as perdas históricas dos últimos vinte anos. Ainda é um reajuste insuficiente para dar conta das perdas, mas,  começando a negociar em 25%, certamente chegaríamos a um índice bem acima do que é negociado a nível nacional. O movimento tem força para isso, os bancos têm muita gordura para queimar. O tempo não é de timidez, mas de ousadia.


A direção do Sindicato defendeu o índice de 15%. Quando se começa a negociar com base em 15%, o reajuste será de quanto? 10%, ou algo assim, não muito diferente do que foi o ano passado. Mas, vejam bem: estamos falando do setor mais rico e que mais cresce, até na crise: os Bancos. 


É bom ressaltar que a categoria bancária entra em Campanha Salarial juntamente com outras categorias como Correios e Petroleiros e que, em termos de luta geral das classes trabalhadoras, arrancar maiores índices na mesa da Fenaban também puxaria para cima as negociações dessas e outras categorias. Poder e espaço pra isso, a direção nacional tem. O problema é se limitar a olhar a realidade e a conjuntura a partir de uma visão partidária, de governo. Aí perdem os trabalhadores.


O ATRELAMENTO DE SEMPRE
Aqui no Pará conhecemos bem essa situação, pois quando o Partido dos Trabalhadores estava no governo, a direção do Sindicato, totalmente atrelada, submeteu toda a negociação da Campanha Salarial aos interesses de seu partido no governo. Por isso, na época, retiraram a AFBEPA da mesa de negociação. Hoje fazem o mesmo com a AEBA. 


Em 2010, chegaram a publicar quatro relatórios de negociações de campanhas salariais como "avanços, avanços, avanços e mais avanços". Era tragicômico. Resultado disso: em 2010 os bancários do Banpará tiveram um dos piores acordos de toda a história das campanhas salariais e, ainda assim, quase que totalmente descumprido.


COM INDEPENDÊNCIA E CORAGEM, GANHA A CATEGORIA.
Bem diferente foi em 2011, quando a categoria decidiu, no Encontro dos Bancários do Banpará, o retorno da AFBEPA à mesa de negociações e conseguimos inverter a lógica de negociação da pauta: primeiro as cláusulas econômicas. 


A forte greve da categoria e a inversão da pauta fizeram com que o Banco viesse para o melhor Acordo de toda a história do Banpará. A direção do Banco não honrou a palavra empenhada na negociação e não incluiu três pontos firmados no texto do Acordo. 


A presidenta da AFBEPA, na segunda-feira após a assembléia que retirou a categoria da greve, esteve na SUDEP cobrando o texto do Acordo, mas o que ouvia do Banco é que apenas o Sindicato poderia requisitar o texto. Kátia Furtado cobrou bastante das diretoras do Sindicato que fossem à SUDEP pegar o texto do Acordo, mas, infelizmente, isso demorou cerca de um mês, o que deu tempo ao Banco de redigir um texto não fiel à mesa de negociação em muitos itens. O ACT só foi assinado em novembro e faltando conquistas.


A ex-senadora Marinor Brito - PSOL, uma grande apoiadora das nossas lutas, 
faz sua saudação aos bancários e bancárias da Conferência Estadual.
Também estiveram presentes os petistas Dep. Federal 
Cláudio Puty e Vereadora Milene Lauande.


DELEGADOS E DELEGADAS
Ficaram confusos os critérios de delegação à Conferência Nacional. Tradicionalmente, e pelo número de filiados na base, o Pará tem direito a 15 delegados e delegadas. Dessas 15 vagas, segundo afirmação do diretor sindical Sandro, logo ao início da Conferência, apenas a presidente do Sindicato é delegada nata. Ora, o correto, então, é que 14 vagas fossem colocadas para votação. No entanto, apenas 9 vagas foram colocadas à disposição dos bancários e bancárias na Conferência. O que foi feito com as 4 vagas? Quem irá representar o Pará sem ter sido eleito para isso?


Onde ganha e quando dirige a luta, a oposição arranca mais conquistas 
para os bancários e bancárias. Vide AFBEPA e AEBA.


A chapa da Oposição Sindicato Livre, composta por bancários e bancárias de todos os Bancos públicos, elegeu 3 delegados à Conferência Nacional.


ENCONTRO DO BANPARÁ - 23 de junho.
Agende-se. Será no dia 23 de junho o Encontro dos Bancários do Banpará, em local ainda a ser definido. Vamos fazer uma avaliação dos itens não cumpridos no ACT e ver quais as principais demandas para este ano.


Ajude a construir a Minuta de Reivindicações desta Campanha Salarial. Comente aqui no blog e, sobretudo, venha para o Encontro. Sua participação é fundamental!
Vamos construir, juntos, a mais forte e bela Campanha Salarial de todos os tempo no Banpará!


UNIDOS SOMOS FORTES!






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