Ellen Caroline de Oliveira Paixão, 33, foi condenada a 25 anos de prisão em regime fechado, na madrugada de terça-feira, 19, pela morte do tesoureiro do Banpará e companheiro dela, Luiz Paula Miranda. O corpo da vítima foi encontrado no dia 10 de agosto deste ano, em uma kitnet no município de Santa Cruz do Arari, no Marajó, mesmo local onde aconteceu o julgamento.
O advogado Bruno Teles, que atuou como assistente de acusação e é membro da Comissão da Advocacia Criminal da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Amapá (OAB-AP), disse que a ré foi condenada pelo crime de homicídio triplamente qualificado, com as qualificadoras: motivo fútil; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel.
“A motivação do crime foi para a criminosa ficar com as aplicações financeiras, seguros e um apartamento, chegando ao valor de R$ 550 mil. Ela assassinou a vítima para ficar com o patrimônio”, disse Bruno Teles. “A decisão da juíza Lurdilene Bárbara Souza Nunes foi tomada após 16 horas de júri. Ellen participou de forma on-line do julgamento”, completou o causídico.
Desdobramento
Recentemente, os advogados de defesa de Ellen alegaram que ela poderia estar grávida e por isso solicitaram relaxamento da prisão. A justiça não acatou o pedido, visto que no complexo em que a acusada encontra-se custodiada possui uma ala específica para tratar de gestantes e lactantes. Foi determinada a realização do exame para confirmar a gravidez, mas, mesmo com resultado positivo, ela ficará presa.
Ainda, o laudo de necropsia foi fechado no dia 31 de outubro deste ano e concluiu que Luiz Paula estava sob efeito de medicação Tramadol, opioide que é usado principalmente como analgésico de ação central que alivia a dor, o que a família considera que o mesmo estava dopado, sem possibilidade de defesa durante o crime. No documento aponta ainda que foram encontradas 36 facadas no corpo da vítima.
Durante audiência de instrução e julgamento realizada no último dia 8 de novembro, a acusada assumiu a autoria do crime, no entanto, Ellen alegou que o ato foi em legítima defesa. Para os familiares essa declaração é falsa, visto que o Instituto Médico Legal (IML) não encontrou sinais de agressão ou indícios de que a depoente teria sofrido agressão por parte da vítima.
"O Tramadol diminuiu a capacidade de defesa, associado a outros problemas que o meu irmão apresentou no hospital em que foi atendido dias antes do fato, como pressão baixa, dores na nuca e dor abdominal. Com isso, a tese de que a autora do crime agiu em legítima defesa não procede, tendo em vista que quem estava debilitado era o Luiz”, declarou Raimundo Holanda.
O caso
O funcionário do Banpará, Luiz Paula Miranda, foi encontrado em um kitnet com golpes de arma branca no dia 10 de agosto. Naquele momento, as investigações apontaram para crime passional. Segundo informações do inquérito policial, a companheira da vítima, Ellen Caroline de Oliveira Paixão, que foi presa no dia 24 de agosto, era uma das acusadas por ter assassinado o homem.
Na cena do crime, as equipes de investigação encontraram duas identidades pertencentes à suspeita, chamando a atenção pelo fato de que em cada documento a mulher se apresentava com nomes diferentes. A polícia está analisando os motivos por trás dessa mudança de identidade, que, aparentemente, foi realizada de maneira legal, mas que será peça de análise.
Além disso, foi descoberto que Ellen Caroline comprou soda cáustica e um chip de celular em um estabelecimento local no dia anterior ao assassinato, 9 de agosto. Imagens das câmeras de segurança do mercado registraram toda a ação. A substância química foi encontrada próxima a um frasco de iogurte, o que levanta a hipótese de envenenamento.
Uma testemunha que prestou depoimento no caso relatou que Luiz Paula Miranda já havia sido vítima de uma agressão em momentos anteriores, resultando em ferimentos por arma branca. Ainda durante a declaração foi dito que a relação entre o casal era marcada por conflitos, e o histórico de crises de ciúmes da suspeita teria causado transtorno de ansiedade no funcionário do Banpará.
Para a Afbepa, importa que o crime foi julgado e a criminosa está presa para pagar pelo o que fez contra a vida de uma pessoa que tinha muito o que viver e fazer neste plano, que vivia de forma pacífica, tinha muitos amigos, gostava do seu trabalho e era um exímio jogador de xadrez. Quem perde com esse tipo de crime é a sociedade.
Que Deus dê forças à família do Luiz Paula por essa perda precoce e o tenha em sua casa!
A DIREÇÃO DA AFBEPA