sexta-feira, 3 de setembro de 2021

AMEAÇA DE SAÍDA DO BANCO DO BRASIL E CAIXA ECONÔMICA DA FEBRABAN FORTALECE IDEIA DE PRIVATIZAÇÃO: AFBEPA CONVERSOU COM O DIRIGENTE SINDICAL DE BRASÍLIA DO BANCO DO BRASIL SOBRE O ASSUNTO.

A ameaça de saída do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) ganhou as manchetes no último final de semana de agosto, deixando todos os Bancários e Bancárias do país tensos sobre o que pode acontecer.

A ameaça foi feita devido a um manifesto que seria divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na última terça-feira, 31, pedindo a Harmonia entre os três Poderes da República (executivo, legislativo e judiciário) e a Preservação da Democracia. A Febraban é uma das 100 entidades de classes dos setores industrial e financeiro que assinam o documento.

Com a ameaça de saída, o manifesto teve sua publicação adiada para depois do dia 7 de setembro.

 Para entendermos melhor como essa ameaça está sendo vista, a AFBEPA entrou em contato com o Sindicato dos Bancários de Brasília, e conversou com o Dirigente Sindical do Banco do Brasil, Rafael Zanon.

  

AFBEPA*: Como vocês, enquanto sindicalistas, avaliam essa ameaça de saída?

 

Rafael Zanon (Dirigente Sindical de Brasília do Banco do Brasil):

A primeira questão é entender que esse é um movimento do Bolsonaro com o objetivo de pressionar a FEBRABAN a não se posicionar contra as ameaça à democracia propagadas pelo próprio presidente. É também uma interferência nos bancos públicos, que repercute de forma negativa para essas instituições.

E, são essas instituições que estão sempre sendo ameaçadas de privatização, a imagem negativa acaba fortalecendo essa ideia de privatização. O cidadão é contra a privatização porque ainda enxerga o papel do Banco na sociedade tanto na oferta de serviços, capilaridade, taxas, vendo a privatização como algo ruim. O Governo causando essa crise com uma manobra discursiva, ajuda a fixar na cabeça que o Banco é ruim.

Mas, é isso que o Governo Bolsonaro quer, fortalecer essa crise na Segurança Institucional, insinuar sempre que vai dar um golpe, instigando o desrespeito às instituições democráticas. 

Essa desorganização institucional também prejudica o sistema financeiro e causa uma desconfiança internacional. O Banco do brasil é banco de mercado, os acionistas ficam temerosos com o que pode acontecer.

 

AFBEPA: Em um cenário a longo prazo, qual a pior consequência?

Zanon: Enfraquecimento da empresa e privatização. E é justamente isso que o Presidente e o Ministro da Economia têm buscado fortalecer.

 

AFBEPA: Como isso afeta os trabalhadores do Banco do Brasil e como eles estão vendo essa ameaça?

 

Zanon: Os trabalhadores enxergam isso como uma ingerência com objetivo de intimidar, um jogo de poder para o Bolsonaro, em que ele ameaça fazer tal coisa, a mídia repercute, ele, por muitas vezes, consegue o que quer e depois recua. Mas, apesar disso, uma concretização dessa ameaça pode prejudicar os bancários dos bancos públicos porque a gente assina uma convenção coletiva com a FENABAN, que é o braço negocial da FEBRABAN, e isso pode vir a nos dividir, fragilizar e descontinuar nossa luta.

Ele parece ter conseguido o que queria temporariamente já que a FEBRABAN recuou na divulgação do documento, mas não do documento em si.

 

AFBEPA: Há alguma discussão do que pode ser feito caso essa ameaça se concretize?

Zanon: Por enquanto, não. Não chegamos a discutir isso minuciosamente, mas existem muitas possibilidades e, entre elas, pode ser acionada a Comissão De Valores Mobiliário, também podemos acionar os Órgãos Controladores, Assembleia De Acionistas e, até mesmo o Congresso Nacional como uma forma de reverter essa decisão. Existem muitos MECANISMOS que podem ser acionados dentro de uma empresa de capital aberto como o Banco do Brasil.

 

AFBEPA: Pode abrir margem para outros bancos de economia mista como o Banpará? 

Zanon: Sim, é um caso a se pensar. É certo que a entrada na FENABAN fortalece o banco regional, pois têm acordos coletivos, tem participação na mesa de negociação, e sair da federação enfraquece a imagem do banco como agente social e é um passo a mais para a privatização.

                                               *Samyra Mercês, jornalista da AFBEPA, por telefone.

 

 

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