A ameaça de saída do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) ganhou as manchetes no último final de semana de agosto, deixando todos os Bancários e Bancárias do país tensos sobre o que pode acontecer.
A ameaça foi feita devido a
um manifesto que seria divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp), na última terça-feira, 31, pedindo a Harmonia entre os três
Poderes da República (executivo, legislativo e judiciário) e a Preservação da
Democracia. A Febraban é uma das 100 entidades de classes dos setores
industrial e financeiro que assinam o documento.
Com a ameaça de saída, o manifesto teve sua publicação adiada para depois do dia 7 de setembro.
AFBEPA*: Como vocês, enquanto
sindicalistas, avaliam essa ameaça de saída?
Rafael Zanon (Dirigente
Sindical de Brasília do Banco do Brasil):
A primeira questão é entender que esse é um movimento do Bolsonaro com o objetivo de pressionar a FEBRABAN a não se posicionar contra as ameaça à democracia propagadas pelo próprio presidente. É também uma interferência nos bancos públicos, que repercute de forma negativa para essas instituições.
E, são essas instituições que estão sempre sendo ameaçadas de privatização, a imagem negativa acaba fortalecendo essa ideia de privatização. O cidadão é contra a privatização porque ainda enxerga o papel do Banco na sociedade tanto na oferta de serviços, capilaridade, taxas, vendo a privatização como algo ruim. O Governo causando essa crise com uma manobra discursiva, ajuda a fixar na cabeça que o Banco é ruim.
Mas, é isso que o Governo Bolsonaro quer, fortalecer essa crise na Segurança Institucional, insinuar sempre que vai dar um golpe, instigando o desrespeito às instituições democráticas.
Essa desorganização
institucional também prejudica o sistema financeiro e causa uma desconfiança
internacional. O Banco do brasil é banco de mercado, os acionistas ficam
temerosos com o que pode acontecer.
AFBEPA: Em um cenário a longo
prazo, qual a pior consequência?
Zanon: Enfraquecimento da empresa e privatização. E é justamente isso que o Presidente e o Ministro da Economia têm buscado fortalecer.
AFBEPA: Como isso afeta os
trabalhadores do Banco do Brasil e como eles estão vendo essa ameaça?
Zanon: Os trabalhadores enxergam isso como uma ingerência com objetivo de intimidar, um jogo de poder para o Bolsonaro, em que ele ameaça fazer tal coisa, a mídia repercute, ele, por muitas vezes, consegue o que quer e depois recua. Mas, apesar disso, uma concretização dessa ameaça pode prejudicar os bancários dos bancos públicos porque a gente assina uma convenção coletiva com a FENABAN, que é o braço negocial da FEBRABAN, e isso pode vir a nos dividir, fragilizar e descontinuar nossa luta.
Ele parece ter conseguido o
que queria temporariamente já que a FEBRABAN recuou na divulgação do documento,
mas não do documento em si.
AFBEPA: Há alguma discussão do que pode ser feito caso essa ameaça se concretize?
Zanon: Por enquanto, não. Não
chegamos a discutir isso minuciosamente, mas existem muitas possibilidades e,
entre elas, pode ser acionada a Comissão De Valores Mobiliário, também podemos
acionar os Órgãos Controladores, Assembleia De Acionistas e, até mesmo o
Congresso Nacional como uma forma de reverter essa decisão. Existem muitos
MECANISMOS que podem ser acionados dentro de uma empresa de capital aberto como
o Banco do Brasil.
AFBEPA: Pode abrir margem para outros bancos de economia mista como o Banpará?
Zanon: Sim, é um caso a se pensar. É
certo que a entrada na FENABAN fortalece o banco regional, pois têm acordos
coletivos, tem participação na mesa de negociação, e sair da federação
enfraquece a imagem do banco como agente social e é um passo a mais para a
privatização.
*Samyra Mercês, jornalista da AFBEPA,
por telefone.
UNIDOS SOMOS FORTES
DIREÇÃO DA AFBEPA
ASSESSORIA DE IMPRESA
Nenhum comentário:
Postar um comentário