Os interiores do Pará são regiões onde concentram o maior número de assaltos a Bancos, principalmente, pelo baixo efetivo dos órgãos de segurança, nesses casos, da Polícia Militar, que, muitas vezes, encontra-se sem equipamentos, veículo e orçamento para realizar adequadamente o seu mister.
No último dia 15 de fevereiro ocorreu um assalto no Banpará, na agência Santa Maria, no qual o Gerente Geral e o Tesoureiro foram feitos reféns e ameaçados com artefatos explosivos amarrados aos corpos, sendo que essa modalidade vem sendo aplicada contra os trabalhadores do Banpará desde 2020.
A nossa Associação conversou com as vítimas e o terror sofrido naquele dia gerou um sentimento de medo e insegurança aos funcionários e, também, aos familiares. Essa sensação é normal após um trauma psicológico, o chamado Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), condição que contribui para que o mercado de trabalho se revele um foco de doenças, como a depressão e a ansiedade.
Este problema é comprovado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que registrou um aumento no número de brasileiros afastados do trabalho com problemas psicológicos, cerca de 19,6%. O setor bancário, por exemplo, é um dos mais afetados, e a falta de segurança e apoio contribui, e muito, para os problemas de saúde de quem precisa retornar ao trabalho para o local do infortúnio.
Quem passou por algo semelhante, também, foi o gerente da agência Capanema, quando no dia 3 de setembro de 2020, três bandidos invadiram a casa do funcionário para assaltar o dinheiro do Banpará, daquele município. A dinâmica do crime foi a mesma: amarraram dinamites com acionamento remoto para que o colega obedecesse às ordens da quadrilha, caso contrário, o dispositivo seria acionado.
Mas além dos trágicos acontecimentos, os dois lamentáveis fatos têm algo em comum: a atuação diminuta da administração do Banpará para ajudar os trabalhadores neste momento difícil, em desconformidade até mesmo com o Acordo Coletivo, que firma na cláusula 33 o “acompanhamento da vítima por advogado e profissional da área de Segurança e Medicina do Trabalho”.
A Afbepa teve conhecimento que a Assistente Social e o Chefe de Segurança foram até o Local do sinistro, sendo que o Chefe de Segurança foi até a Delegacia com o bancário.
Outros assaltos
“A minha rotina nunca mais foi a mesma”. Este é o relato de uma das vítimas de um assalto que aconteceu em março de 2017, na agência Marituba. De acordo com a história, além do bancário, Gesin da agência, outros sete membros da família dele foram feitos de reféns. “Me abordaram na porta de casa e depois sumiram com a minha família. Uma parte dos criminosos me levou para a agência para pegar o dinheiro”, lembrou.
Segundo o funcionário de Marituba, depois do fato, o Banpará deu apoio médico e psicológico, mas que não durou por muito tempo. “Tive uma arma apontada para a minha cabeça e mesmo com esse trauma, tive a percepção de que certos profissionais do Banco estavam duvidando de mim. Então procurei outro especialista - por conta própria - e devido ao meu estado tomo remédio controlado”, afirmou.
Certamente, o ano de 2014 foi um dos mais difíceis para a gerente geral da agência BR Ananindeua. “Quando retornei das férias, criminosos invadiram minha casa de madrugada, estava dormindo e acordei com um revólver apontado para minha cabeça. Me fizeram de refém e em cárcere. Não satisfeitos, levaram o meu filho para o município de Santa Isabel e falaram que só iam liberá-lo depois que eu pegasse o dinheiro do Banco e entregasse para o grupo”, descreveu emocionada.
Visando poupar a vida do seu filho, as ordens dadas pelos assaltantes foram atendidas. “Depois que tudo passou e eles levaram o que queriam, meu filho foi libertado. Fiquei arrasada e fragilizada. O auxílio que o Banpará me deu foi quase nada. Tive apenas dois atendimentos pelos assistentes sociais, me senti como um copo descartável, pois o Banco me substituiu imediatamente depois do fato”, disse.
Duas vezes
Quem nunca passou por essa situação não tem ideia da grande tortura psicológica que é, principalmente diante das fortes ameaças envolvendo arma de fogo. Agora imagina passar por isso duas vezes! Foi o que aconteceu com o, na época, gerente geral do Banpará, lotado na agência Castanhal, que foi feito de refém por duas vezes, a primeira às vésperas do natal de 2010 e posteriormente em 2013.
Segundo a vítima, os traumas vividos naquele dia refletem até hoje, dez anos depois. “É uma das piores sensações: primeiro por saber que um ente querido está sob a mira dos bandidos e por saber que qualquer passo em falso a própria vida fica em risco. Fiquei totalmente sem chão, humilhado, como até hoje fazem aqui na agência comigo”, ressaltou o bancário.
Ele descreveu como ocorreu: “a primeira vez, estava saindo para trabalhar e quando tirei o carro fui abordado por três meliantes, que levaram minha esposa, os meus filhos, meus sogros e a minha sobrinha. Tudo isso aconteceu a dois dias em que estávamos nos preparando para o Natal, ou seja, praticamente acabou com esse momento em família”, contou.
O segundo assalto: “também estava saindo para trabalhar e fiz a mesma coisa, tirei o meu veículo da garagem e percebi que na rua havia um carro com vários ocupantes que vieram na minha direção. Ainda cheguei a correr, mas me alcançaram e queriam que eu entregasse o meu filho. Devido a intervenção da vizinhança, apenas eu fui levado para o cativeiro. Apanhei muito e só me liberaram depois de pagar o resgate”, relatou.
Mesmo com o ataque em dobro, o funcionário do Banpará, como sempre, não recebeu nenhum auxílio por parte do Banco. “Fiquei sozinho e ainda tiraram minha função. Queriam me jogar, como algo descartável, para Marabá, longe da minha família, mas eu não aceitei. Fiz concurso interno para Gerente de Negócios, mas não me colocaram na função, como se eu fosse culpado por sofrer essa ação criminosa. Hoje estou em Castanhal, sendo humilhado”, conclui o funcionário.
Lamentável
Diante do risco iminente, há certos cuidados preventivos que o Banpará precisa ter, em seus planos de ação,a fim de evitar assaltos truculentos, aviltantes e humilhantes, que ferem a integridade psicológica e até física dos trabalhadores, como os da modalidade sapatinho, vapor e com dinamite colocado no corpo do bancário.
Os assaltantes miram o Banco, porém, seus empregados tornam-se os alvos principais.
Assim, a Afbepa solicita com urgência que o Banco atue na prevenção de possíveis assaltos, principalmente, nas unidades de trabalho do interior do Estado, e que os funcionários não fiquem desamparados depois de passar por momentos traumáticos nas mãos dos criminosos.
A nossa Associação quer muito e vai lutar para que as atitudes mudem, que pensem, principalmente, na segurança da vida, inclusive dos familiares, tanto para prevenir quanto para remediar. A Administração do Banpará parece não ter planos de prevenção e remediação para agir diante desses sinistros. O único encaminhamento dado ao bancário é: não entregar o dinheiro aos bandidos. Essa é a preocupação, com a qual a Afbepa não concorda, pois o ser humano é imprevisível, não se pode ter certeza das atitudes dos bandidos.
Os trabalhadores(as) pedem socorro!!! Que se busque ações para protegê-los...
UNIDOS SOMOS FORTES
A DIREÇÃO DA AFBEPA
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