Foi isso. Na assembléia geral, as informações das negociações entre o comando nacional e a FENABAN foram dadas pela coordenação da mesa e, depois, votou-se por acompanhar o indicativo de greve a partir do dia 29 de setembro. Avaliação política, propostas divergentes, calendário de mobilizações... Nada coube na assembléia. Tudo foi transferido para uma próxima assembléia que será, bem frisado pelos diretores do sindicato, "organizativa".
É interessante observar essa necessidade de catalogar o caráter de cada assembléia. Em uma, não se pode votar, porque é apenas "informativa"; em outra, se pode votar, mas apenas o que está bem definido no edital de convocação: a negociação com a FENABAN e o indicativo de greve para o dia 29, "esquecendo", a direção do sindicato, que é responsável por duas mesas locais de negociação: com o Banco da Amazônia e com o Banpará; na próxima assembléia, se poderá apenas organizar o que já está votado, porque será "organizativa". Por que complicar tanto, limitar tanto, sufocar tanto a vontade da categoria?
MAS NÃO ACABOU AÍ... MAIS DE 100 BANCÁRIOS E BANCÁRIAS DO BANPARÁ, INSATISFEITOS, ARRANCARAM UMA REUNIÃO ESPECÍFICA COM A DIREÇÃO DO SINDICATO
Após a assembléia relâmpago, os empregados dos outros bancos se retiraram do sindicato, mas os bancários e bancárias do Banpará, insatisfeitos com parte da Minuta de Reivindicações, em desacordo com o que foi aprovado no Encontro, com o processo de negociação e a ausência da AFBEPA nas rodadas com o banco, e com a constante impossibilidade de conversar com a diretoria do sindicato, reivindicaram uma conversa específica, naquele momento, e permaneceram no ginásio, até que foram convidados ao auditório para iniciarem uma reunião.
O auditório ficou lotado dezenas de bancários ficaram em pé, pelas laterais e próximos à porta de entrada. Eram cerca de 100 bancários reivindicando aquele momento, conquistado à custa de abaixo-assinado, assembléias autoconvocadas, presença no sindicato, enfim, as diversas formas que os bancários do Banpará usaram para que pudessem ser ouvidos pela direção do sindicato. Ali, diante das pessoas, de carne, osso e alma, foi impossível para a direção do sindicato fugir mais uma vez e negar esse direito aos trabalhadores.
Ao início da reunião, os bancários e bancárias do Banpará fizeram várias intervenções trazendo diversos pontos ao debate, dentre eles: os desacordos da Minuta de Reivindicações, a exclusão da AFBEPA nas mesas de negociação com o banco e os problemas com o novo plano de saúde. "Nós não estamos discutindo a legalidade. Sabemos que o sindicato nos representa legalmente, mas aqui a legitimidade maior é da nossa Associação, que defende nossos interesses. Há divergências na minuta e não há avanços, como o sindicato anuncia o tempo todo!" pontuou um bancário. "Vocês estão vendo aqui que nós estamos insatisfeitos! Nós queremos a nossa Associação na mesa! Nós queremos uma pessoa nossa lá, que traga pra gente o que está acontecendo de verdade!" desabafou uma bancária. "Estou emocionada, me desculpem, mas nós já ficamos do lado de fora nos portões, aguentamos muito desrespeito, e agora conseguimos estar aqui para falar! Nós exigimos respeito à categoria! A AFBEPA tem que estar na mesa, como sempre esteve nos anos anteriores!" manifestou outra bancária, referindo-se à primeira assembléia autoconvocada, quando a direção do sindicato fechou e lacrou os portões, impedindo a categoria de entrar no sindicato. E assim foram as dezenas de intervenções dos bancários. A direção do sindicato escutava, calada.
Kátia Furtado pediu a palavra e relembrou desde o abaixo-assinado com 240 assinaturas quando foi solicitado que o sindicato convocasse uma assembléia do Banpará e nada foi feito. Relembrou da força da categoria que ali estava bem representada, que não desiste de lutar por seus direitos, pontuou os ítens da Minuta que estão em desacordo com o que foi aprovado no Encontro, principalmente a eleição dos representantes dos funcionários nos Comitês Trabalhista, Disciplinar e Conselho de Administração, e acerca do Ponto Eletrônico, quando, após o debate que foi feito no Encontro decidiu-se pelo aditamento ao acordo neste ítem, e pela compensação financeira aos trabalhadores que estão fazendo as horas extras sem o devido controle e pagamento pela extrapolação da jornada.
Kátia também colocou os problemas relativos ao Plano de Saúde como renúncia total, vigência de 24 meses, custeio que incide sobre horas extras, sobreaviso, ajuda-aluguel e auxílio creche babá, entre outras verbas de natureza não salarial, o que torna de difícil controle para o trabalhador o desconto mensal variável do plano de saúde no contracheque, além da destinação do saldo remanescente do plano CAFBEP/PAS e, por fim, Kátia pediu bom senso ao sindicato, pediu o fim dessa retaliação que a AFBEPA tem sofrido e lembrou que divergir, pensar diferente é um direito legítimo de qualquer pessoa ou grupo de pessoas, mas que é a categoria quem tem que decidir o melhor e não a direção do sindicato ou da AFBEPA.
Outros bancários e bancárias se manifestaram, todos no mesmo sentido, todos pedindo a participação da AFBEPA na mesa de negociação com o Banpará, como sempre ocorreu, até 2009.
DIRETORES DO SINDICATO LANÇAM CRÍTICAS CONTRA A AFBEPA
Em seguida, os diretores do sindicato iniciaram suas falas. De um modo geral, havia uma crítica a este blog que, na opinião dos diretores do sindicato, é ofensivo a eles. Houve diretor e diretora que afirmou que o blog da AFBEPA usa palavras de baixo calão contra o sindicato e que há inverdades sendo publicadas. Os diretores do sindicato afirmaram que todos os pontos colocados pelos bancários constavam da Minuta de Reivindicações, que já estava modificada, o que deu a entender que haveria uma outra Minuta sendo negociada, diferente da que estava publicada no site. Disseram, também, que uma das condições para que a AFBEPA pudesse compor a mesa de negociação com o Banpará é que não deveria haver conflitos. Afirmaram, ainda, que o fato de a AFBEPA ter movido uma ação contra o sindicato, no episódio em que o banco modificou, unilateralmente, o regulamento do PCS alterando o interstício de dois, para quatro anos, para promoção por merecimento, e a AFBEPA fez oposição à modificação, por isso entrando com ação judicial contra o acordo assinado entre o banco e o sindicato, que permitiu a modificação, que essa ação da AFBEPA, defendendo o legítimo regulamento e os funcionários do Banpará, impedia a Associação de sentar na mesa de negociação com o banco.
Novamente os bancários do Banpará se manifestaram afirmando que não poderia haver um pensamento único, que as divergências são normais e que devem ser respeitadas, e que cabe à categoria escolher as melhores propostas quando há divergências; esclareceram ao sindicato que a ação da AFBEPA foi decidida por um grupo de bancários muito maior que a diretoria da AFBEPA; afirmaram que as críticas, mesmo se fossem verdadeiras, não poderiam servir de pretexto para a exclusão da AFBEPA das mesas de negociação, reiteraram o pedido para que um representante da AFBEPA estivesse nas mesas de negociação, e voltaram a afirmar que a Minuta publicada no site não estava de acordo com o que foi aprovado no Encontro.
OS REAIS MOTIVOS DA RETALIAÇÃO, FINALMENTE, APARECERAM?
A longa reunião se estendia até que, em determinado momento, a advogada do sindicato dos bancários, Dra. Mary Cohen, presente desde o início da reunião, pediu a palavra e disse que além do problema do blog, e da ação da AFBEPA contra o sindicato (já citada), havia uma outra ação da pessoa Kátia Furtado, enquanto candidata a presidenta pela Chapa 2, contra o sindicato dos bancários, questionando a legitimidade dessa diretoria. Então, se ela movia uma ação contra essa diretoria como poderia sentar-se com a diretoria na mesa de negociação do Banpará, perguntou a advogada. Afirmou, ainda, a advogada, que essas arestas deveriam ser aparadas, e não conseguiu concluir sua fala porque os bancários e bancárias, inconformados, começaram a perguntar se era mesmo esse o motivo da retaliação e disseram que não deveria haver essa confusão.
O bancário do Banpará, JK, estudante de direito, pediu a palavra e manifestou sua discordância com a tese da advogada do sindicato, dizendo que a AFBEPA, e os funcionários do Banpará, não poderiam ser prejudicados porque a pessoa, candidata a presidente da Chapa 2, Kátia Furtado, decidiu exercer seu direito constitucional de questionar, na justiça, um processo eleitoral eivado de irregularidades. "Independente disso, ela é a presidenta da nossa Associação, que merece respeito, e nós confiamos nela! Ela não pode ser retaliada por exercer um direito que lhe cabe" ressaltou o bancário, que cobrou da diretoria do sindicato a separação entre as questões partidárias e políticas, e as questões da luta sindical e da luta dos bancários do Banpará e lembrou que a eleição para o sindicato já havia acabado, que era preciso superar isso.
Em seguida, o advogado da AFBEPA, Dr. Paulo Galhardo, complementou o raciocínio observando a necessidade de sermos impessoais nesse processo e de sabermos ter a maturidade de respeitar as diferenças sem que usemos um poder de caneta, burocrático, para barrar uma vontade tão significativa e expressiva da categoria, que é o manifesto desejo de ser representada na mesa de negociação por sua Associação.
Todos os bancários e bancárias presentes ficaram bastante indignados diante da explicação da advogada.
PRESIDENTE DO SINDICATO DIZ NÃO À VONTADE DA CATEGORIA
O clima estava tenso. Alguns bancários começaram a se irritar com a falta de sensibilidade da diretoria do sindicato que permanecia endurecida diante das legítimas reivindicações da categoria. Os bancários queriam uma solução e a diretoria do sindicato apenas se limitava a criticar a AFBEPA. Finalmente, a presidente do sindicato, Rosalina Amorim, disse que não seria possível a AFBEPA compor a mesa de negociação, sem dar qualquer explicação além do que já havia sido colocado.
Neste momento, por volta das 22h30, já cansados e bastante frustrados, os bancários e bancárias do Banpará se retiraram em sinal de protesto pela dureza da direção do sindicato. Viraram as costas e foram embora, enquanto a direção do sindicato permaneceu calada, colada à mesa do auditório, impassível, surda e muda.
"Vocês dizem que as pessoas estão em primeiro lugar, mas eu como pessoa, aqui estou destroçado. Uma decepção!" Desabafou um bancário, rasgando o crachá de votação do sindicato na frente da diretoria.
A AFBEPA MANTÉM-SE FIRME, NO CAMINHO CORRETO DA DEFESA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANPARÁ
A AFBEPA, que sempre buscou o diálogo, que procurou, diversas vezes, a direção do sindicato para conversar, como foi divulgado aqui mesmo neste blog, que elogiou a direção do sindicato sempre que essa direção demonstrou algum interesse pela defesa real da categoria, o que também foi divulgado aqui neste blog, a AFBEPA lamenta muito que a dureza, o sectarismo e o burocratismo tenham impedido a direção do sindicato de ver, ouvir e sentir a vontade dos bancários e bancárias. A AFBEPA reitera, ainda, que jamais deixará de cumprir sua missão estatutária de defesa dos interesses, direitos e conquistas dos funcionários do Banpará, e da defesa do próprio banco enquanto banco público estadual, e que não aceita, de modo algum, retaliação aos funcionários e à sua Associação que sempre soube, e sabe, se posicionar para fazer valer os direitos dos bancários e bancárias.
Finalmente, a diretoria da AFBEPA e todos os bancários e bancárias do Banpará que têm estado no sindicato, buscando o diálogo, e todos os que, por algum motivo não têm podido estar, mas acreditam na liberdade e na democracia como valores fundamentais, crêem e afirmam o dinamismo da vida, na qual tudo passa, principalmente o poder. E diante da vida, que é muito maior, o que ficam são mais os atos do que as palavras, que se vão ao vento. O que marca uma gestão, a imagem de uma pessoa, uma liderança é o que ela faz, ou deixa de fazer, em nome de seus representados. A verdade, com o tempo, sempre vêm à tona e mostra, claramente, o quanto cada um somou, ou subtraiu, para a maioria. Se até o poder ditatorial dos militares, que nós lutamos tanto para derrubar, caiu e hoje estão sendo revelados os crimes cometidos, imaginem uma gestão sindical, ou um governo, ou qualquer outro poder constituído democraticamente, que tem tempo e hora para acabar...
"Saibamos, bancários e bancárias do Banpará, perseverar no caminho do bem, da justiça e do bom senso, jamais renunciando ao direito de lutar. Tenhamos fé! Novas estratégias serão construídas por todos nós, juntos, unidos e cada vez mais fortes! A vida é sempre um recomeço e nunca devemos abrir mão da felicidade e de lutar pela nossa dignidade e por uma vida cada vez melhor!" Afirmou Kátia Furtado, nesta noite de 24 de setembro de 2010.
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ResponderExcluirFoi muito feio o que estas pessoas do Sindicato fizeram. Tem que pedir pra sair e ir para o governo ou para as direções dos bancos. TRISTE.
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