segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PARA PENSAR SOBRE A DEMOCRACIA E O SENTIDO DO PÚBLICO

EU, ESCRAVO DE MIM MESMO

Um grande problema enfrentado nos estudos da Teoria Politica contemporânea diz respeito a falta de interesse das pessoas pela politica, pelos assuntos da polis, ou seja, da cidade, do estado, e da res pública, ou coisa pública.

No entanto, na Grécia, berço da democracia, os cidadãos participavam ativamente da vida pública, chegando mesmo a se reunir para julgar as causas judiciais de cada um.

E bom lembrar que nem todos detinham o direito de ser cidadão. Os estrangeiros e os escravos estavam fora, além daqueles que praticavam trabalhos manuais, como os artesãos e os escultores. As mulheres tambem estavam excluídas.

Talvez os cidadãos daquela epoca, TALVEZ, fossem escravos de seus próprios interesses que chamavam de público decidindo, pela maioria entre eles, desde um abrir e fechar de uma rua até o declarar ou não de uma guerra.

Ressalte-se que decidir ou não, não era uma faculdade, todos tinham obrigação de participar e dar seu voto.

Apesar da restrição aos que poderiam ser considerados cidadãos, o critério para tal, apesar de não parecer justo, era objetivo, desde que não fosse escravo, estrangeiro, braçal ou mulher, então deveria ser considerado cidadão.
O que diferencia os cidadãos daquela época para os cidadãos de hoje em dia é que hoje em dia o direito de todos serem cidadãos permitiu não somente o direito de decidir sobre o interesse da coisa publica, mas tambám nos delegou os chamados representantes, que tomaram a coisa publica como um motivo individual de enriquecimento próprio, apropriando-se da riqueza social, e cada um de nós somos os seus escravos, que trabalhamos e pagamos tributos para serem usados pelos representantes.

E, como se não bastasse, o nosso interesse pela coisa pública, agora uma faculdade e não uma obrigação, como na época dos gregos, só nos faz mais parecidos com os politicos que tanto criticamos, pois também, assim como eles, com raríssimas exceções, almejamos o dinheiro, o lazer e a fama, tudo no âmbito privado e nunca no público, o que nos encerra em nossas casas, como os escravos na época da Grécia antiga, deixando a Ágora vazia.

Convoco a todos para que não sejamos escravos de nossos interesses próprios, mas do interesse público, não em nossas casas, mas na Ágora, o espaço público onde se reúnem os cidadãos.

Dia ___, Hora_____, na Agora ______________

De minha clausura,

Eu, escravo de mim mesmo,

Victor*

*Vítor é advogado e mestrando em Direitos Humanos na UFPA.



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